sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mercado pequeno?

Uma frase chamou a minha atenção em uma notícia sobre a possível parceria entre a Saraiva e a Barnes & Noble para venda do Nook. O autor se perguntava por que, em um mercado tão tímido, de livros digitais no Brasil, já havia tantas empresas, tantos players se movimentando. Realmente, são muitos. Apple, Google,  Amazon, Kobo, B&N, Saraiva, Cultura são algumas organizações que já se movimentam nesse tabuleiro.

A resposta me parece meio óbvia. Esse mercado é pequeno agora, mas vai ficar imenso. Tem potencial para mais que dobrar a venda de títulos no Brasil.

Por quê? Alguns motivos:

Preço - não tem jeito, o preço das obras vai cair em formato eletrônico. Isso afeta quem sempre leu, e vai poder ler ainda mais, e quem lia pouco por falta de orçamento. 

Comodidade - o suporte eletrônico viabiliza a leitura múltipla, em qualquer lugar, de qualquer livro. Hoje é possível andar com cinco, 10 livros na bolsa carregando o mesmo peso. Os famosos calhamaços* agora serão lidos em qualquer lugar, já que ninguém, em sã consciência, saía de casa com um livro de mais de 1500 páginas para ler no ônibus. No universo do livro técnico, por exemplo, isso acarreta muito mais facilidade para o leitor.

Produções independentes - estas se multiplicarão. Editoras e livrarias de nicho, iniciativas pessoais, algumas até informais, terão muito mais chance de surgir e obter sucesso. Mais opções, mais clientes, mais vendas.

Novos formatos, novas ideias - o e-book amplia o conceito que temos sobre o que é um livro. Projetos editoriais eletrônicos, multimídia, interatividade, atualização (muitas vezes em tempo real), já estão aí e contarão sua própria história.

Claro que existem os desafios. A popularização dos e-readers e tablets, as novas relações entre editoras, autores, livrarias e distribuidoras, a pirataria (tema que vale um post próprio). Mas a onda já está chegando, as notícias são animadoras (link).

Pequena é a ponta do Iceberg. 

* Segundo o Houaiss, calhamaço é livro ou caderno com grande número de páginas.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Livros, mercado editorial e... Paulo Coelho?!

Pois é. Coisas interessantes podem sair dos lugares mais inusitados.

Na verdade não irei aqui resenhar um livro de Paulo Coelho (link) e sim a biografia O Mago (Planeta/2008), escrita pelo Fernando Morais. Como não se trata de um lançamento,comprei meu exemplar, bem baratinho, uns quatro meses atrás. Não nego, inclusive, que adquiri muito mais pela sempre agradável leitura de Fernando Morais do que pelo biografado.

Mesmo assim, a leitura me fez rever alguns conceitos. Um deles é que o Paulo Coelho não tem o que falar. Antes da biografia, acreditava na teoria de muitos críticos literários que o conteúdo das obras de Coelho é pura presepada, papo furado embalado em esoterismo de padaria. Não é bem assim. A história de sua vida confirma que o escritor, um dos mais lidos no mundo, acredita no que diz.

Daí o leitor também acreditar é outra história. Particularmente, li três livros do Paulo Coelho e achei um pior que o outro. Justamente porque essa história de o universo conspira a seu favor, lenda pessoal não é exatamente a minha praia. Isso não significa que não faça sentido para outras (muitas) pessoas.

Em tempos de Crepúsculo e 50 tons de cinza, Paulo Coelho me parece o percursor de uma clara tendência de valorização pelos leitores de histórias tocantes e fáceis de ler. Ou seja, o estilo perdeu espaço para a fluência narrativa, pelo menos quando falamos de livros com vocação para grandes tiragens.

A biografia, entretanto, me ganhou, de fato, por contar a história de um escritor. Primeiro pelo desejo obsessivo de Paulo Coelho. Quem conhece a trajetória de teatrólogo, satanista, compositor, executivo da indústria fonográfica, talvez não imagine que o grande desejo de Coelho, desde criança, fosse se tornar um grande escritor, lido em todo o mundo. E olha, convenhamos, ele teve vários bons motivos, em várias oportunidades, para desistir dessa ideia. Mas não desistiu. Ponto para ele.

Um segundo ponto que me agradou foi conhecer as estratégias usadas para alcançar o sucesso no início da carreira como escritor. Várias mal sucedidas inclusive. Até uma Editora, com certo sucesso como negócio, Paulo Coelho empreendeu. Sabiam? E os "mega sucessos" anteriores a O Diário de um Mago? Conhecem as obras Teatro na Educação (1973) Arquivos do Inferno (1982) e Manual Prático do Vampirismo (1985)? Pois é, eu também não.  

Depois de contar todas as peripécias e tentativas do escritor para, finalmente, entrar na lista de best-sellers, o livro também descreve as ações que o fizeram alçar outro patamar. De escritor bastante lido para um verdadeiro fenômeno de vendas não só no Brasil, mas no mundo todo. Claro que nem tudo deu certo, como nem tudo foi estrategicamente arquitetado. Momentos de sorte, azar, erros e acertos aconteceram. Mas está tudo lá, cada detalhe, cada briga com os críticos, casa jogada mercadológica.

Por isso gostei muito da leitura, e recomendo, principalmente, para quem, como eu, tem interesse no mercado editorial. Impossível passar ileso pela história do escritor vivo mais traduzido em todo o mundo. Independente da decisão de ler os seus livros ou não.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O mercado de e-books no Brasil – uma resenha

O revolução ebook começou como lista de discussão. A largada foi dada pela galera da Simplíssimo, empresa  que além de viver da produção de livros eletrônicos é uma catalisadora e difusora da cultura do livro digital incrível. Eu entrei logo no início da lista, acompanhei a criação do site/blog e me impressiono até hoje com a seriedade da equipe na hora de publicar, incentivar e fortalecer o grupo de interessados e autores independentes que se formou através dessa iniciativa.

O objetivo do revolução ebook é bem claro de fomentar um mercado que está nascendo. Por isso o investimento em reunir e circular a informação, aproximar talentos, juntar esforços, e principalmente, compartilhar conhecimento. Nesse espírito, muitas coisas legais já foram realizadas e, quem participa das discussões percebe, muitas ainda acontecerão.  Dessas discussões, e da reunião de vários olhares, surgiu a coletânea eletrônica O mercado de e-books no Brasil.



O artigo que escrevi e consta no livro é um ótimo exemplo do como esta construção está sendo feita. No ano passado, quando participei do Congresso Internacional do Livro Digital promovido pela CBL fiquei muito impressionada com a palestra de duas bibliotecárias a Claire Nguyen, responsável pela seção de e-books da Biblioteca interuniversitária de Santé Paris e a Sueli Mara Ferreira, diretora técnica do SIBiUSP (Sistema Integrado de Bibliotecas da USP). Para as editoras que oferecem conteúdo técnico e acadêmico através de Bibliotecas Digitais, as questões colocadas eram muito sérias. Acervo perpétuo? Compatibilidade com todos os sistemas? Pagamento por acesso?

Voltei angustiada e levei meus questionamentos para o grupo. Chegamos à conclusão, juntos, que o mercado ainda terá muito trabalho, muita disputa, até que todos os lados sejam contemplados. Mas só quem estiver no jogo poderá ganhar alguma coisa. Por isso, o importante é continuar se adaptando e respondendo às necessidades do mercado e das bibliotecas também. Em seguida o Eduardo sugeriu que a discussão se transformasse em artigo para o site e aí está ele agora, em formato epub. Tomara, inclusive, que os leitores nos ajudem a encontrar mais respostas para essas questões. 

Essa construção conjunta é muito positiva e é a cara desse novo mercado, desses novos tempos. Textos e projetos coletivos, leitura social, auto-publicação, conteúdo atualizado em tempo real. São novas formas de vivenciar o livro. Muitos desses temas, inclusive, são também trabalhados na coletânea. 

Resumindo, O mercado de e-books no Brasil é perfeito para quem quer se inteirar sobre livros digitais. Os textos são ou bem recentes (grande maioria) ou contêm informações fundamentais sobre o assunto.

Concordo com os organizadores da obra, Eduardo Melo e José Fernando Tavares quando afirmam na apresentação do livro que

“Seja lá o que você for, jornalista, editor, estudante, leitor, geek ou marciano, posso afirmar com segurança que você precisa se informar mais sobre o mercado de ebooks - afinal, continua lendo. As chances são que você (como nós) nunca tinha encontrado uma fonte que reunisse, em um único lugar, as principais informações sobre o mercado de ebooks. E quem pesquisa um assunto no Google, sempre deseja encontrar aquele resultado que coloca a gente no caminho certo. Hoje, a sua estrela brilhou. Você encontrou o atalho.”

E além de tudo, o livro é gratuito. Ou seja, porque não ler? Se existe algum interesse sobre o mercado de publicações digitais, eu recomendo a leitura. Faça o download agora, clicando aqui.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2013 mostrará a que veio?

Mal começou e já estou matutando o que 2013 trará de bom, ou não, para nós. Eu tenho algumas questões em aberto.

Será 2013 o ano que o e-book vai deslanchar no Brasil? Depois de um 2012 muito frustrante com Amazon e Google adiando várias vezes suas triunfais aterrissagens ao mercado brasileiro. Será que esse ano as coisas vão começar de fato a acontecer? Nesse balanço, acho que a Apple e a Kobo foram mais felizes ano passado. Mesmo assim, as vendas de livros digitais no Brasil ainda são tímidas. Espero que em 2013 esse cenário mude e o brasileiro curta mais a leitura eletrônica.

Primeiro ano da prefeitura do petista Haddad em São Paulo. Depois de sete anos na oposição, será que o PT vai oferecer novos ares à cidade de São Paulo? Políticas mais justas? Combater a desigualdade? Investir no transporte alternativo? Pena que essa dúvida não assola meus conterrâneos de BH, já que, inacreditavelmente, reelegemos o desastroso Márcio Lacerda. E pensar que poderíamos ter o Patrus na prefeitura hoje me dá vontade de chorar.

Quais serão os avanços - ou retrocessos - sociais de 2013? Infelizmente, estou com a nítida impressão que será um ano que lutaremos muito mais para impedir que o conservadorismo avance do que para consolidar conquistas no âmbito legislativo.  Tomara que eu esteja redondamente enganada.

Qual será o livro do ano? Algum novo autor ou autora me conquistará em 2013? Depois de ler que o Philip Roth anunciou sua aposentadoria, comentando certa desilusão com a qualidade das obras que estão sendo publicadas, as chances de um novo autor que arrebate meu coração, vamos combinar, são pequenas. Mas a esperança permanece e eu ainda tenho os bons e velhos ídolos de sempre para me acompanhar.

Muitas dúvidas, milhões de expectativas. E você? Quais dúvidas serão respondidas por 2013 na sua vida?

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Nada será como antes

Hoje ou amanhã.
Estamos em 2013. Por isso um novo blog. Novo espaço para escrever, refletir e compartilhar.
Não é temático e não está pronto. Estamos, certamente, em construção. Sempre estaremos, assim espero.
Como na música do Milton que inspirou o título desse blog, a ideia é: já que estamos na estrada, vamos aproveitar a paisagem.